A Ford anunciou um pacote de mudanças na planta de Camaçari. A empresa propõe a demissão de 1.400 funcionários, entre trabalhadores da montadora e sistemistas – sendo 140 demissões na Bentler, 200 na Flex N Gate, 124 na Cooper e 126 na Sodecia.
A Ford quer, ainda, a separação do pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos trabalhadores da Ford e autopeças, sendo R$ 14 mil e R$ 4 mil, respectivamente, com congelamento de quatro anos; fim do cartão alimentação até 2023; mudança do plano de saúde de Mediservice para Hapvida e congelamento de salários por quatro anos.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (STIM), Júlio Bonfim, afirma que “os trabalhadores não aceitam isso” e conta que a Ford enviou a proposta na quarta-feira (11) à tarde. Por conta disso, foi realizada assembleia com mais de 5 mil funcionários da empresa, na porta da fábrica, nesta quinta-feira (12), para aprovação de proposta da categoria. “Não tem como mudar mais, chegamos ao nosso limite”, pontua Bonfim.
O STIM defende a estabilidade coletiva dos empregos por quatro anos, crescimento salarial com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), abono de todos os dias devedores de todos os turnos até o dia 2 de janeiro de 2020 e, se necessária, a implantação do lay off.
Além disso, dentro da proposta aprovada por unanimidade em assembleia, está o aumento progressivo da PLR, começando em R$ 15,5 mil a partir de 2020 com projeção de chegar a R$ 18 mil em 2023. Segundo o sindicato, atualmente a PLR dos trabalhadores da Ford é de R$ 19.640,00.
A entidade defende, ainda, a manutenção do cartão alimentação com o aumento do valor com base no INPC e descontos, se for o caso, de acordo com o número de faltas. E mais a manutenção do plano médico do Mediservice. Já que, como aponta Júlio Bonfim, o “Hapvida não tem uma cobertura na região de Camaçari”.
Para aumentar a lucratividade da fábrica da Ford na cidade, o Sindicato dos Metalúrgicos defende a inclusão de novos produtos na planta. “Atualmente temos o KA e o EcoSport”, pontua. A proposta é que sejam fabricados aqui veículos da linha SUV, que têm maior valor de mercado.
“Vamos nos reunir com a Ford na semana que vem para apresentar as propostas”, antecipou Bonfim. A depender do resultado final da reunião, o sindicato não descarta a possibilidade de uma greve por tempo indeterminado.
No último dia 2 de dezembro, o presidente da Ford na América do Sul, Lyle Watters, esteve reunido com cerca de 500 funcionários da Ford em Camaçari e pontuou a necessidade de reestruturação da unidade com a redução de custos, atração de fornecedores, aumento da competitividade e novos investimentos. Entre os pontos defendidos por Watters para aumentar a competitividade da planta estão a redução da PLR. (lembre aqui)