A Bahia é o segundo estado com maior número de órfãos do país, com uma média de 4,1 mil órfãos por ano desde 2021, de acordo com dados de levantamento inédito feito pelos Cartórios de Registro Civil do país. Até outubro deste ano já foram 4.382 crianças que perderam ao menos um dos país, número que deve superar o valor mais alto registrado na pesquisa: 4.521 órfãos em 2023. Violência de variadas formas e doenças são apontadas como duas das principais razões para a orfandade.
Ainda conforme os dados dos Cartórios foram contabilizados 3.712 órfãos em 2021 e 3.876 em 2022. O relatório abarca apenas de 2021 a 2024, porque até metade de 2019 não era obrigatório a inclusão de CPF dos pais no registro de nascimento dos filhos. Esses dados foram consolidados a partir de 2021 por meio do cruzamento dos CPFs dos pais – presentes nos documentos dos filhos – com os registros de óbitos. O que permitiu identificar o número de órfãos no país.
A Bahia é superada em número de órfãos apenas por São Paulo, os outros estados com maior número de crianças sem um dos pais são Rio de Janeiro e Minas Gerais. A expectativa é que esses dados colaborem para a produção de políticas públicas para a população, conforme o presidente da Associação dos Notários e Registradores da Bahia (Anoreg -BA), Daniel Sampaio. “Essas estatísticas podem contribuir com políticas públicas, ao informar os órgãos interessados sobre o número dessas crianças e então monitorar as medidas previstas para elas, como a colocação em família substituta”, afirma.
Em Salvador a média é de 842 órfãos por ano desde 2021. Foram contabilizados 845 em 2021, 774 registros em 2022, já em 2023 ocorreu um aumento para 928 órfãos, e até outubro deste ano são 823.
Violência na causa
O gerente do Lar Vida, Roberto Cardoso, conta que no local que abriga pessoas com deficiência, entre elas crianças e adolescentes, a principal motivação para as crianças estarem lá são a violência e a falta de estrutura financeira das famílias. O ponto da violência como causa para a orfandade é validado por Jozias Sousa, com base no que ele acompanha na Organização de Auxílio Fraterno (OAF), da qual é presidente.
“As crianças que estão aqui são vítimas das mais diversas violências”, comenta. Conforme os dados apresentados pelos Cartórios a violência se encaixa num amplo grupo denominado de “outras causas” que levaram a morte dos pais desses órfãos. A ideia original da pesquisa era se dedicar ao impacto da Covid-19 como causadora da orfandade, por isso, os óbitos relacionados à saúde são mais detalhados.
Impacto da Covid-19
A Covid-19 deixou 791 órfãos de pelo menos um dos pais na Bahia desde 2019. Em 2021, a doença foi responsável por 1/7 da orfandade no estado, o que corresponde a 527 crianças que perderam seus pais em um total de 3.712 órfãos.
Já em Salvador, a doença pode ter deixado até 352 crianças e adolescentes sem um dos pais. Em 2021, a Covid-19 causou um 1/5 da orfandade na capital baiana, o que equivale a 149 crianças de um total de 845 órfãos.
Acolhimento
Organizações como a Lar Vida e a OAF cuidam de crianças órfãs e aceitam doações de todos os tipos. Calçados, roupas em condição de uso, doação de alimentos na cesta básica, fralda geriátrica, presentes e até mesmo Pix são aceitos. Para saber como doar para o Lar Vida basta entrar em contato com o número, que também é Whatsapp, (71) 3393-3342. Os canais de doação são através de Pix, conta bancária, ou a ida até a instituição. A chave pix é o CNPJ da instituição: 13787932/0001-78
Para o contato com a OAF é por meio do número (71) 99999-0843 ou do instagram @oafsalvador, em que todas as informações estão disponíveis. O pix da instituição é o CNPJ: 15232135/0001-50.
A TARDE