O aumento recente do álcool e da gasolina provocou uma corrida às oficinas para a conversão dos carros para o gás natural veicular (GNV). Nesses locais, a procura é tão grande, que os donos estão tendo que agendar horários por que a demanda aumentou cerca de 40% desde que houve o acréscimo no preço dos combustíveis. Para o consumidor, mesmo com a conta favorável, ele deve ficar atento se vale investir na troca, já que, dentre as desvantagens, está a vida útil de alguns itens como cabos e velas, que caem pela metade.
“Antes, o nosso público era de frotistas e taxistas. Agora, até mesmo o cliente comum já vem aqui para colocar o gás. Já nem temos mais horário disponível para os próximos dias.
Quem liga já sabe que vai ficar na lista de espera”, disse o gerente de uma loja especializada em instalação de kits GNV que fica no Vale do Ogunjá, Marcos Julião, que trabalha a 14 anos no ramo. Segundo ele, quem roda mais de 20 km por dia pode fazer a conversão para o gás visando uma maior economia.
O preço dos kits varia entre R$ 1.300 (convencional) e R$ 4.300 (injetável). A maioria dos carros existentes no mercado está apta para fazer a conversão. As exceções ficam por conta de modelos que possuem o sistema de injeção direta. O kit convencional é utilizado em veículos com carburador. Nele, a dosagem da mistura Ar/GNV é feita através de um registro mecânico. O gás é aspirado por um misturador “mesclador” ou injetor instalado no carburador. Já os kits injetáveis, considerados mais modernos, caracterizam-se por ter múltiplos injetores de GNV, sendo um para cada cilindro do motor. Tem a dosagem controlada pela central de injeção do GNV, trabalhando junto com a central de injeção original do veículo.
Mas, antes de sair por aí procurando qualquer oficina para fazer a instalação, o site do Inmetro disponibiliza uma lista de instaladores registrados para realizar o serviço. Dentre as informações disponíveis, como endereço, podem ser vistas também o período de validade do registro desses locais. Das 18 oficinas habilitadas no estado, 13 estão na capital baiana. A lista pode ser conferida no link http://www.inmetro.gov.br/inovacao/ oficinas/index.asp
PRÓS E CONTRAS
Quem abastece com o GNV, precisa ficar atento a alguns detalhes, como a manutenção do veículo. “Alguns itens como cabos e velas precisam ser trocados com a até a metade da quilometragem de um carro que usa álcool ou gasolina, já que o GNV, por ser um combustível seco, acaba puxando mais e diminui o tempo de vida dessas peças. Se um carro, por exemplo, roda 60 mil km com gasolina, ele vai rodar, com o gás, cerca de 30 mil km. A manutenção do cabeçote e das válvulas também é essencial”, falou Wilson Souza, dono de uma loja que fica no final da Avenida Bonocô.
Por outro lado, algumas vantagens podem ser consideradas. De acordo com a Bahiagás, responsável pela distribuição do produto no estado, a economia do GNV com relação ao álcool e gasolina ultrapassa os 50%. À titulo de comparação, enquanto o consumidor gasta quase R$ 36 de gasolina a cada 100 km rodados, a mesma distância é feita, com o gás, gastando R$ 20 a menos. Nos postos, os preços variam entre R$ 1,94 e R$ 2,07. Além disso é um combustível, segundo os donos das lojas de instalação, que não pode ser adulterado, não traz problemas ao motor e é considerado sustentável.
Usuários estão satisfeitos
Quem já fez a troca dos combustíveis tradicionais pelo GNV não se arrepende e enaltece as vantagens do produto, principalmente no lado financeiro. “Desde 2009, eu tive quatro carros e, em todos eles, eu faço uso do gás. Tenho uma economia de 30% a 35% e faço uma quilometragem maior. Voltar atrás, nem pensar”, falou o taxista Sidney Limoeiro. Por outro lado, a única queixa dele é com relação ao preço do combustível. “Acho que deveria ser igual a São Paulo, que é mais barato. Mas ainda é vantajoso”, completou.
Já o corretor de imóveis, Roque Luis Ferreira, que usa o gás há oito anos, fala dos cuidados que tem com o seu veículo para mantê-lo sempre rodando. “A cada sete mil km eu faço a troca de óleo, das velas e do filtro de ar. Pra mim, tem sido mais benéfico, principalmente com a economia de 55% no orçamento que venho tendo após a instalação do kit”, comentou. Além da poupança, Ferreira destaca a contribuição com o meio ambiente como fator importante para o uso do GNV.
DEMANDA
No entanto, o crescente aumento no interesse na instalação dos kits GNV não vai resultar, pelo menos por enquanto, em aumento no preço do combustível, nem em sua falta nos postos. Pelo menos é o que garante o Gerente Comercial de Grandes Clientes da Bahiagás, José Carlos Bittencourt. “Hoje nós vendemos cerca de 4.500.00 m³ de gás por dia e o GNV representa 5% desse valor. Temos folga no contrato e com nossos fornecedores para dobrar ou até triplicar esse mercado. Posso afirmar que a Bahia está em posição privilegiada em relação ao gás natural no Brasil”, contou.
Com relação a um eventual aumento no preço do gás, Bittencourt procurou tranqüilizar o consumidor. “Acredito que não teremos aumento. Posso garantir que, pelo menos nos próximos três meses, o gás natural terá o mesmo preço para o comércio, indústria e para o GNV. E é muito provável que a Petrobrás mantenha essa política de manutenção nos preços durante o ano”, salientou. Segundo ele, a expectativa é de crescimento no volume de vendas, principalmente após aumento nos valores do álcool e da gasolina, assim como o número da rede de postos, que hoje são 72 em todo o estado, principalmente em cidades como Salvador, Alagoinhas, Itabuna e Mucuri.
Fonte: Tribuna da Bahia