A construção de um elevado de concreto na entrada da Praia do Forte até o acesso à localidade de Açu da Torre, em Mata de São João, na Grande Salvador, tem desagradado a moradores da região.
A principal queixa é quanto à estética do local, pois, segundo eles, o equipamento prejudica o cenário de entrada de Praia do Forte. Moradores o consideram uma “agressão” ao paisagismo de um dos mais importantes destinos turísticos da Bahia.
A obra, prevista para ser concluída no final deste mês, é de responsabilidade da Concessionária Litoral Norte (CLN), que administra a BA- -099 (Estrada do Coco).
Quando ficar pronta, poderá ser utilizada por pedestres, ciclistas e motociclistas, além de carroças, que são comuns na região.
O líder comunitário Anderson Santana, um dos representantes dos moradores da Praia do Forte, também questiona a obra quanto à segurança. “Os lados do equipamento não são protegidos. Uma pessoa pode se descuidar e cair, por falta de maior proteção. A construção é uma agressão à beleza de Praia do Forte, famosa justamente pelos encantos naturais”, diz.
Em nota, a CLN informou que se trata de um projeto criado a partir de uma reivindicação da própria comunidade local e acordado com a prefeitura de Mata de São João e a Agerba – agência estadual que regula o transporte no estado.
De acordo com a concessionária, o objetivo é tornar o fluxo das pessoas entre as comunidades envolvidas mais seguro. A CLN esclarece que a obra ainda não foi concluída e que os lados do viaduto contarão com proteção para evitar acidentes.
Preocupação
O caráter multiúso do equipamento é uma preocupação de quem tem que se arriscar, todos os dias, entre os carros para atravessar a Estrada do Coco, entre as entradas de Açu da Torre e Praia do Forte.
A professora Jaqueline Mota, 32, que ensina em Açu da Torre e mora em Imbassaí, também em Mata de São João, atravessa sempre a via para pegar ônibus. Apesar de haver faixa de pedestre, ela afirma que frequentemente há atropelamentos.
“Com o elevado, não vamos precisar atravessar entre os carros, o que é um risco”, comenta. Por outro lado, a também professora Eliana Matos, 42, põe em dúvida a segurança do viaduto devido à divisão do espaço entre pedestres e motos. “Não sei como será a separação. Se não for bem feita, vai ser como atravessar a rua”, frisa.
A CLN, por sua vez, informou que a construção tem 240 metros de comprimento por 4,20 m de largura. Deste total, 1,2 m será para passagem exclusiva de pedestres e 3 m, para meios de transporte como motocicletas e carroças.
Conforme o prefeito de Mata de São João, Marcelo Oliveira, será construída uma separação física para garantir a segurança dos usuários, de forma que os pedestres não terão acesso à outra área.
Além disso, segundo ele, um projeto paisagístico está sendo elaborado para o local.
Prefeito de Mata de São João diz que críticas são precipitadas
O prefeito de Mata de São João, Marcelo Oliveira, afirma que as críticas à construção do elevado, por conta da estética, são precipitadas e diz que a CLN está desenvolvendo um projeto paisagístico para a entrada de Praia do Forte.
Além disso, ele revela que a prefeitura está elaborando uma intervenção estética para o equipamento de concreto. Segundo ele, a ideia é utilizar as laterais do elevado para dar visibilidade a projetos locais, como o Tamar e a Fundação Garcia D’Ávila.
“As pessoas estão criticando antes de conhecer. A proposta foi discutida exaustivamente com a comunidade. Todos, inclusive, acharam a ideia muito boa”, rebateu.
A CLN informou, ainda, que o projeto inicial previa a construção de uma passarela com padrão existente na Estrada do Coco (BA-099), mas foi alterado para um elevado de concreto, “trazendo mais segurança para os usuários”.
“Os motociclistas cometem infrações ao cruzar a via para atravessar, não usam o retorno. Desta forma, poderão atravessar com mais segurança”, diz Oliveira.
Assaltos
Outra reivindicação feita pelo líder comunitário Anderson Santana é quanto à segurança. Segundo ele, na região onde está sendo implantado o viaduto, os assaltos são frequentes.
“É uma área que tem muita circulação de pessoas. Os bandidos aproveitam e assaltam. Aqui, os assaltos eram lenda, mas hoje ocorrem com frequência”, diz.
O prefeito Marcelo Oliveira admite o problema e ressalta que, constantemente, mantém diálogo com a Polícia Militar para que o problema seja resolvido.
Fonte: A Tarde