A deputada estadual pelo PT, Luiza Maia, quer instalar uma CPI na Assembleia Legislativa para investigar o superfaturamento da obra do metrô de Salvador, em 1999, época em que o vice-presidente da CPI da Petrobras, Antônio Imbassahy (PSDB), era prefeito.
Matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, no último domingo, 5, diz que empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras também foram acusadas pelo Ministério Público Federal de terem superfaturado o metrô de Salvador em R$ 166 milhões, à época, aproximadamente R$ 400 milhões em valores corrigidos.
O Tribunal de Contas da União (TCU), que detectou o sobrepreço na obra de R$ 1 bilhão, responsabilizou tanto os gestores indicados pelo tucano quanto as empresas envolvidas na obra, as mesmas investigadas agora pela comissão da Petrobras: Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. Ambas são acionistas da CCR Metrô, atual responsável pelas obras do metrô de Salvador.
A notícia motivou a deputada a querer solicitar a CPI para investigar o ex-prefeito. Serão necessárias 21 assinaturas para levar o pedido adiante. Para a oposição, a movimentação da deputada petista é uma estratégia dela para ganhar visibilidade.
“Imbassahy fez um grande trabalho à frente da CPI da Petrobras. Ela se aproveita disso para aparecer. Acho um pouco prematuro da parte dela, mas tenho que respeitar a postura dela”, disse o deputado estadual pelo PSDB, Adolfo Viana.
Maia nega essa intenção. “Não tem nada a ver. É preciso enxergar o outro lado da coisa. Não dá para ter só a visão de um lado. E não existe diversidade na grande mídia, que é monopolista e partidária”, diz.
O líder do governo na Assembleia Legislativa, José Neto, afirma desconhecer a intenção da colega. “Não tenho conhecimento do conteúdo, mas vamos aguardar. Nós queremos que no Brasil tudo seja investigado, mas não podemos fazer pirotecnia que traga atraso (às obras do metrô)”, diz.
Sucessores
Na Câmara Municipal de Salvador, a sugestão para que se instale uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) partiu, ontem, do vereador Hilton Coelho.
Mas, ao contrário da deputada, ele acredita que as investigações devem ser ampliadas para os sucessores de Imbassahy, o ex-prefeito João Henrique (PDT) e o atual, ACM Neto (DEM).
“A Câmara de Salvador aprovou por quase unanimidade, apenas com nosso voto contrário, a isenção do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) para as empresas envolvidas na implantação do metrô Salvador. Deve agora mostrar sua capacidade de ação investigando todos os indícios de superfaturamento e falhas na construção”, disse o vereador, em nota.
Fonte: A Tarde