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domingo, 8 dezembro, 2024

Dom Petrine fala sobre canonização da Irmã Dulce prevista para outubro

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Bispo Dom Petrine, da diocese de Camaçari

 

Irmã Dulce, o Anjo bom da Bahia, é a primeira mulher nascida no Brasil, mais precisamente na Bahia, que se tornará Santa. Uma vida dedicada a obras de caridades aos menos favorecidos, além dos dois milagres atribuídos a ela, foram caminhos que levaram a canonização, prevista para acontecer no dia 13 de outubro, no Vaticano.

Sentado ao lado de uma foto antiga, pregada na parede, em que aparece ao lado da Irmã Dulce, o Bispo Dom Petrine, da Diocese de Camaçari, falou sobre sua devoção a beata. “Eu mesmo pendurei na parede a foto com a irmã Dulce porque me sinto orgulho. Ela é uma mulher extraordinária que é movida pela fé em Jesus Cristo e se tornou grandiosa. Primeiro lugar, ela teve uma compaixão pobre, mas o que me chama atenção é que o sentimento de compaixão se tornou operativo na vida dela, ela pensou a própria vida para colocá-la a serviço daquelas pessoas”, afirma Dom Petrine.

Conforme Dom Petrine, a notícia deixou a comunidade católica surpresa, e muitos devotos aguardam com alegria a chegada da data. “As pessoas, principalmente os devotos estão orgulhosos, pois o ato significa que a santidade é uma coisa próxima de nós. A santidade de Irmã Dulce serve para ligar o céu e a terra. A santidade é diferente do heroísmo, pois o herói ninguém consegue fazer o que ele faz para ser um heroi, mas quando uma pessoa se tornar santa, todos querem seguir o modelo vida e qualquer um pode se tornar como ele, a partir de uma relacionamento com Jesus”, ressalta.

Canonização

A canonização de Irmã Dulce será a terceira mais rápida da história (27 anos após seu falecimento), atrás apenas da santificação de Madre Teresa de Calcutá (19 anos após o falecimento da religiosa) e do Papa João Paulo II (9 anos após sua morte). Após a canonização Irmã Dulce passará a ser invocada por Santa Dulce dos Pobres.

Três graças alcançadas por devotos, após orações a Irmã Dulce, estavam sendo analisadas pelo Vaticano, com vista no processo de canonização da religiosa. Esses três casos foram enviados ao Vaticano pelas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em 2014, após análise de profissionais da própria instituição. “É um processo que tem uma semelhança aos processos dos tribunais e tem uma pessoa que reúne todos os documentos, um espécie de advogado de defesa que vai defender a causa da santidade diante de um grupo de pessoas que fazem parte da congregação para os Santos”, explica Petrine.

 

Milagres

O primeiro milagre foi reconhecido em outubro de 2010, quando Irmã Dulce foi beatificada. Depois disso, iniciou-se o processo para buscar a canonização, quando a pessoa passa a ser considerada santa pela Igreja Católica.

A pessoa agraciada pelo segundo milagre de Irmã Dulce reconhecido pelo Vaticano é um homem, que morava na Bahia, e foi curado após passar 14 anos cego.

História

Irmã Dulce, cujo nome de batismo era Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, é recordada por sua obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados. Religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, a beata nasceu em Salvador, em 26 de maio de 1914.

Desde cedo manifestou interesse pela vida religiosa. Aos 13 anos de idade, passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família – na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré – em um centro de atendimento. A casa ficou conhecida como “A Portaria de São Francisco”, por conta do grande número de carentes que se aglomeravam a sua porta.

Em 1933, a jovem ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, cidade de São Cristóvão, em Sergipe. No mesmo ano, recebeu o hábito e adotou o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe, que se chamava Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes e morreu quando a freira tinha sete anos.

No ano de 1935, já de volta a Salvador, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começa a atender também os operários que eram numerosos naquele bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado, que depois deu origem ao Círculo Operário da Bahia.

Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas na localidade da Ilha do Rato, na capital baiana, para abrigar doentes que recolhia nas ruas de Salvador. Expulsa do lugar, ela peregrinou durante uma década, levando os seus doentes por vários locais da cidade.

Por fim, em 1949, Irmã Dulce ocupou um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio, após autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes. A iniciativa deu origem à história propagada há décadas pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro.

Já em 1959, é instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), e no ano seguinte é inaugurado o Albergue Santo Antônio.

A Osid atualmente é um dos maiores complexos de saúde com atendimento 100% gratuito do Brasil, com 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), entre idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pacientes sociais, crianças e adolescentes em situação de risco social, dependentes de substâncias psicoativas e pessoas em situação de rua.

Segundo a instituição, nos últimos 25 anos a entidade contabiliza 60 milhões de atendimentos ambulatoriais e mais de 280 mil cirurgias realizadas, o que dá uma média de aproximadamente 30 cirurgias por dia.

Irmã Dulce faleceu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, em Salvador.

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NM

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