Em novo depoimento prestado à Polícia Federal na terça (30) e obtido pelo jornal Folha de S. Paulo, Walter Delgatti Neto, principal suspeito de hackear o Telegram de autoridades brasileiras, afirmou que não copiou mensagens de outros alvos de invasão, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Delgatti afirmou também que não repassou as mensagens de procuradores da Lava Jato para nenhuma outra pessoa além do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil. No depoimento, o suspeito só admitiu ter copiado conversas de procuradores de Curitiba, como Deltan Dallagnol, e do promotor Marcel Bombardi, de sua cidade, Araraquara (SP), que o havia denunciado por crimes antigos.
O suspeito também afirmou não ter invadido contas de procuradores que atuam em Brasília na Operação Greenfield, como sugerira em seu depoimento anterior, mas baixou conteúdo relativo à investigação a partir do celular de Deltan Dallagnol. Diferentemente do primeiro depoimento, Delgatti disse não se lembrar como obteve os números de telefone de seus alvos, mas afirmou que “em toda conta do Telegram que era acessada pelo declarante havia uma lista de pessoas que utilizavam o aplicativo e que tinham um vínculo direto ou indireto com o usuário invadido”.
O contato do ministro Alexandre de Moraes, por exemplo, ele havia dito ter obtido no celular do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP). Já neste novo depoimento, disse que o conseguiu na agenda de Deltan.
Quanto ao de Manuela d’Ávila, que inicialmente ele disse ter encontrado no celular de Dilma, agora relatou ter obtido em um material de divulgação da campanha presidencial de 2018, disponível na internet.
No fim de semana, os advogados do suspeito divulgaram uma nota afirmando que Delgatti havia deixado informações “devidamente resguardadas por fiéis depositários, nacionais e internacionais”. Delgatti disse à PF que “gostaria de consignar que o fiel depositário mencionado por seus advogados refere-se à empresa vinculada à Dropbox [meio utilizado para repassar as mensagens a Greenwald] e o jornalista vinculado ao The Intercept”.
O suspeito também disse que nunca contou a Glenn que foi o responsável pelo ataque ao celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, embora o editor do site The Intercept Brasil tenha lhe feito essa pergunta.