Obra clássica, imortalizada pelo dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616), Romeu e Julieta, uma das mais populares e trágicas histórias de amor de todos os tempos, ganha nova leitura no palco.
Desta vez, a iniciativa é da São Paulo Companhia de Dança (SPCD), numa versão especialmente criada pelo coreógrafo italiano Giovanni Di Palma, que também assina a encenação. Os bailarinos sobem ao palco para mostrar uma emocionante história de amor proibido, envolvendo dois jovens enamorados, filhos de famílias rivais.
A montagem, que tem música de Sergei Prokofiev (1891-1953), é dividida em dois atos e dez cenas e será apresentada no Teatro Castro Alves, sexta e sábado, às 21, horas, e domingo, às 20 horas.
Baianos em cena
“Eu queria um Romeu negro para representar a diferença étnica do Brasil. E quem faz este personagem é o bravíssimo baiano Nielson Souza, que faz par romântico com Julieta, personagem de Luiza Lopes (SP)”, afirma o coreógrafo Giovanni Di Palma, um dos grandes nomes do cenário da dança atual.
“O outro baiano, também um excelente bailarino que participa da montagem, é Lucas Valente, que interpreta Frei Lourenço”, complementa. O espetáculo tem 1h30m, com pausa de 20 minutos no intervalo.
Em tempos em que a intolerância racial ainda é uma realidade, Giovanni di Palma sinaliza a atualidade da obra do bardo inglês, pois Romeu e Julieta também trata da incomplacência, da hipocrisia das convenções sociais e dos jogos de poder.
Efeitos cinematográficos
Esta não é a primeira parceria do coreógrafo Giovanni di Palma com a SPDC – ele já remontou a obra Supernova (2009]. “Eu busquei, neste espetáculo, um efeito cinematográfico. O primeiro ato é mais divertido, mais leve, o segundo ato é mais dramático”, entrega.
Para Giovanni, o maior desafio neste trabalho “foi explicar aos bailarinos um modo de interpretar apropriado para um balé deste gênero”. Ele frisa que ficou muito feliz com o resultado, “pois os bailarinos dançam muito bem”.
“O espetáculo Romeu e Julieta é a primeira obra narrativa criada especialmente para a companhia pelo coreógrafo italiano Giovanni Di Palma”, afirma a diretora artística da SPDC, Inês Bógea.
Ele salienta que, quando foi fazer a programação da Companhia para o ano de 2013, o grande tema pensado foi amor, vida e morte. “Chegamos a Romeu e Julieta, mas queríamos uma criação original. Pensamos que isso seria um belo desafio”.
Outras atividades
Nesta quarta-feira, 24, às 19h30, acontece o Bate Papo com a SPCD (palestra para os educadores), com a exibição do documentário Figuras da Dança – Lia Robatto, na Escola de Dança da Ufba.
A SPCD apresenta também espetáculos abertos para estudantes e terceira Idade, sexta-feira, 25, às 15 horas, no TCA. Sábado acontecem as oficinas de dança Técnica de Balé Clássico e Repertório em Movimento, das 10h às 11h30, e das 12h às 13h30, respectivamente, na Sala de Ensaio do BTCA do Teatro Castro Alves.
Depoimentos
O bailarino Nielson Souza, 24, criado em Massaranduba, diz que nunca pensou em ser o bailarino principal de uma coreografia. “É uma emoção especial se apresentar em Salvador. Saí pela dança e volto mostrando que consegui meus objetivos”, exulta.
Já Lucas Valente, nascido no município de Livramento de Nossa Senhora, conta: “Sou o único que dança descalço e com uma grande batina”.
Fonte: A Tarde