O almoço de domingo de Páscoa vai pesar no bolso dos consumidores brasileiros este ano, custando 25,03% mais, em média, do que o de 2014, diz estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).
A pesquisa da FGV mostra que o vinho teve aumento médio de 15,84% e os bombons e chocolates, de 9,32%. O bacalhau e o peixe tipo bacalhau, que integram o grupo de pescados salgados, tiveram queda similar à registrada em 2014: 3,36%. O levantamento não incluiu os ovos de Páscoa que são os produtos com maior apelo de compra. Por causa das crianças devem ficar com preço bem acima da variação média.
A alta dos itens da principal refeição da Semana Santa superou a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-FGV), cuja variação acumulada nos 12 meses findos em fevereiro foi 7,99%. Em 2014, o IPC anualizado até fevereiro cresceu 5,95%, enquanto os produtos do almoço de Páscoa tiveram deflação de 0,26%.
De acordo com a sondagem, as maiores variações de alta foram observadas na batata-inglesa (63,49%) e na cebola (30,44%).
O economista do Ibre, André Braz, esclareceu, entretanto, que, apesar desses itens terem registrado alta acima da inflação média, não têm muito peso quando as famílias vão às compras. “Eu diria que o que puxou mesmo o aumento do almoço de Páscoa foi o preço do pescado, do vinho. Esses são itens indispensáveis e têm nível de preço que compromete mais a renda das famílias.”
Segundo Braz, o pescado fresco, por exemplo, é um bom destaque, porque subiu em média mais de 16% até agora, sem contar com a demanda da Páscoa. Ele acredita que o preço desse tipo de produto suba ainda mais daqui para a frente, porque muitos deixam para comprar perto do domingo de Páscoa, até para preservar a qualidade do item. “Paga-se mais caro porque muita gente vai procurar o produto.”
Na avaliação do economista, o aumento do consumo de energia, por causa do uso intenso de câmaras frigoríficas, do combustível dos barcos de pesca, dos salários dos pescadores e do frete para distribuição do produto, ajuda a entender a elevação do preço de pescados frescos na Semana Santa deste ano acima da inflação média. Problemas no campo, em função da seca, explicam, por outro lado, o aumento dos produtos in natura, acrescentou Braz.
Para que o consumidor não sinta tanto esses aumentos,o economista sugeriu que, em um almoço em família, cada um leve um item. “Nada mais justo que cada um participe com uma parte. É uma estratégia para driblar a inflação”, afirmou. Se a família não vai se reunir nessa data, ele recomenda pesquisa de preços. “Pesquisar desde já onde comprar os alimentos para o almoço especial [ficar] mais barato.” Nesse caso, Braz ressaltou que a concorrência ajuda a encontrar promoções de azeite, de vinho e até de bacalhau e de peixe fresco.