A Região Metropolitana de Salvador (RMS) teve a inflação mais alta do país no mês passado: 0,99%. O índice foi bem superior à variação média do país, de 0,57% – valor que já representa mais do que o dobro em relação à taxa de 0,25% de agosto, de acordo com apuração auferida polo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No caso da RMS, os preços dos combustíveis e da farinha da mandioca foram os principais vilões de setembro. Enquanto a variação média foi de 0,99%, somente os valores do etanol e da gasolina tiveram, no mês passado, aumentos bem superiores, com alta de 10,98% da gasolina e de 12,12% do etanol.
De acordo com o coordenador de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Joilson Rodrigues, a alta dos preços na capital baiana e Região Metropolitana “pode ser explicada por questões regionais e seu peso nos produtos pesquisados, sem, necessariamente, expressar uma tendência de manutenção de crescimento, até porque a RMS tem apresentado desempenho inferior a outras regiões metropolitanas do país, tanto no acumulado do ano (de janeiro a setembro), quanto em doze meses (de outubro de 2013 a setembro de 2014)”, como frisou.
Ele exemplifica o caso das farinhas, féculas e massas: “Com a alta de 7,82%, o produto, que integra a culinária nordestina, teve forte impacto na inflação da RMS, mas, certamente, não gerou maiores consequências na Região Metropolitana de Porto Alegra, onde a farinha não integra o cardápio diário da população”, diz.
No caso dos combustíveis, a alta dos preços é também resultante de fatores locais. De acordo com o IBGE, em todo o país houve, ao contrário, uma queda de 0,07% nos preços da gasolina e de 0,01% no do etanol. Em algumas regiões, como Goiânia, os preços dos produtos caíram significativamente (-7,09% na gasolina e -9,68% no etanol).
Alta no ano
A inflação na RMS em 2014 (janeiro a setembro) acumula, segundo o IPCA, alta de 4,57% – mas, ainda abaixo da média nacional no período, de 4,61%. A região ocupa, neste caso, a sexta posição no país, ficando atrás das regiões metropolitanas de Recife (5,03%), Rio de Janeiro e Curitiba (5,02%), Vitória (4,79%) e Porto Alegre (4,73%) .
A RMS também está em sexto lugar, na avaliação da inflação acumulada nos últimos 12 meses (de outubro de 2013 a setembro de 2014), com índice de 6,54% – também abaixo da média nacional, de 6,75%. Neste caso, ficando atrás de Recife (7,16%), Rio de Janeiro (7,63%), Curitiba (7,13%), São Paulo (6,66%) e Porto Alegre (6,65%).
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Novo aumento
Depois de terem registrado a maior alta do país no mês passado, com aumento médio de 10,22% na Região Metropolitana, os preços dos combustíveis em Salvador sofreram nova alta desde o início da semana. Na maioria dos postos da capital baiana, o litro da gasolina comum, que antes estava sendo vendido por
R$ 3,09, agora varia entre R$ 3,14 e R$ 3,19. Já o etanol, que era encontrado por R$ 2,49, agora está sendo comercializado por até R$ 2,59.
Segundo o empresário José Augusto Costa, presidente do Sindicombustíveis – sindicato que representa os cerca de 1.500 postos do estado -, a alta verificada na capital, desde o mês passado, não se deu por conta de repasses das distribuidoras, como vem ocorrendo no restante do país: “Aqui, tivemos dois fatores locais que tentamos segurar ao máximo para não ter que repassar para os consumidores, mas que agora alcançou o nosso limite”, disse.
Os dois motivos alegados pelo empresário para a alta dos preços nas bombas soteropolitanas são: os reajustes salariais retroativos a maio, que foram concedidos em setembro aos 29 mil empregados do setor, e a alta do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), que teria sido contestada na Justiça, desde fevereiro mas que, diante dos resultados favoráveis à Prefeitura, agora estaria sendo repassada para o consumidor.
IPTU
O presidente do Sindicombustíveis afirma que, para a maioria dos 200 postos existentes em Salvador, o IPTU passou a ser até três vezes maior que o cobrado no ano anterior. Já as negociações salariais com os trabalhadores, que chegaram a fazer paralisações em algumas redes em maio, culminaram em reajustes de 10% na folha de pessoal e de 20% para os vales-alimentação.
“A questão é que esse aumento nas bombas não vem só de agora”, afirmou a dona de casa Rose Conceição dos Santos, depois de ter sido surpreendida, ontem, com os novos preços ao abastecer o carem Patamares. “Só este ano eu já paguei pela gasolina R$ 2,45; depois, R$ 3; em seguida R$ 3,09 e agora R$ 3,19%””
O comprador de almoxarifado Orlando Barbosa também pagou gasolina mais cara. “O pior é que não tem jeito”, disse, desolado.
Quem pretende abastecer o carro hoje, deve ficar atento: em alguns postos, os produtos ainda estão com preço antigos..
Fonte: A Tarde