quinta-feira, 12 setembro, 2024

“Meu pai, não”, disse mototaxista morto ao defender o pai

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Uma briga de trânsito acabou na morte do mototaxista Diego Henrique Custódio de Jesus, , 23 anos, no bairro de Verde Ville, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, na segunda-feira (27). O jovem se atirou na frente do pai, o também mototaxista José Henrique Santos, que seria alvejado por conta de uma discussão que teve com o motorista de um veículo Siena prata, ainda não identificado, alguns minutos antes.

Diego Henrique Custódio de Jesus. Foto: Reprodução / Facebook
Diego Henrique Custódio de Jesus. Foto: Reprodução / Facebook

A sequência de acontecimentos que terminou com a morte do jovem começou quando o suspeito bateu seu carro em uma carroça, na qual estavam um idoso e uma criança, que acabou arremessada na pista, na Avenida Industrial Urbano, e ficou sem uma das rodas.

“O rapaz (motorista) discutiu com o idoso que estava com a criança. Aí, ele queria bater no idoso. Fomos para cima, impedir e dizer que ele estava errado”, contou o irmão de Diego, que preferiu não revelar o nome.

Ele trabalha no mesmo ponto de mototáxi que o irmão trabalhava, em frente ao Condomínio Camaçari Life, e presenciou toda a situação.

No meio da discussão, uma viatura passou pelo local. “Aí, a gente falou para o carroceiro chamar a polícia e ele não quis. O cara se irritou e disse ‘espera aí que eu volto’”, relatou.

Quando voltou, o motorista estava armado com uma pistola calibre 380 e em companhia de outro homem, que portava uma 38. Diante da cena, os mototaxistas correram.

Diego, que chegou depois da discussão, só viu o homem apontar a arma em direção a seu pai e se jogou na frente. “Meu pai, não”, teria dito o jovem, antes de ser baleado.

Mesmo depois de caído, o atirador continuou os disparos. Cerca de dez cápsulas foram encontradas no local do crime. “Ele morreu sem saber porque estava morrendo”, contou o irmão. O parente da vítima explicou ainda que não houve nenhum insulto ao assassino.

“A gente não agrediu ele de forma alguma. Nem xingamos, nem nada”, garantiu. Testemunhas desconfiam que o motorista more perto do local do crime. “Ele estava com uma mulher e uma criança no carro. Deixou eles em algum lugar e voltou muito rápido e fez o estrago”, contou outro mototaxista, que também não se identificou.

Os suspeitos ainda não foram localizados, segundo a delegada Maria Tereza Santos, da 18ª Delegacia Territorial (Camaçari). “Já expedi um pedido de retrato falado para que o irmão leve no DPT (Departamento de Polícia Técnica) de Salvador para que ajude na identificação”, adiantou.

Até o início da noite de ontem, o carroceiro também não havia sido encontrado pela polícia. Ontem, as marcas de sangue de Diego foram cobertas por barro. O ponto de mototáxi onde ocorreu o crime estava com uma faixa preta.

Comoção

Diego era natural de Itabuna, no Sul do estado, e há 10 anos morava em Camaçari. O pai dele, José Henrique, se mudou para a cidade há pouco tempo. “Tem uns três meses que eu estou aqui. Nem tava há muito tempo naquele ponto”, lembrou ele.

Diego morava com a esposa, com quem era casado há pouco tempo, a filha, que tem seis meses de idade, e a mãe, numa casa que fica próximo ao local do crime, no Ponto Certo, bairro vizinho. A mãe e a esposa estavam inconsoláveis durante o sepultamento do jovem, na tarde da terça-feira (28), no Cemitério Municipal Jardim da Eternidade.

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Familiares e amigos se consolam, durante sepultamento do jovem

“Meu filho. Por que fizeram isso com ele? Ele não pode ficar ali sozinho”, disse a mãe, ao ver o corpo do filho ser colocado na gaveta funerária. Antes, durante o velório, ela chegou a desmaiar.

O corpo de Diego chegou ao cemitério em um cortejo fúnebre, que partiu do bairro onde a família mora até o cemitério, na Gleba H. Diversos mototaxistas acompanharam o cortejo com um buzinaço. Dois ônibus levaram parentes e amigos, que vestiam camisas com fotos da vítima.

Colegas de Diego, mototaxistas fazem buzinaço para exigir justiça
Colegas de Diego, mototaxistas fazem buzinaço para exigir justiça

Bandeiras negras, com dizeres de luto, também foram usadas. “Ele era uma pessoa ótima, alegre, sempre do bem. Era o melhor do nosso baba”, contou o montador Felipe Cézar, que conhecia Diego há oito anos. Juntos, os dois jogavam futebol todo final de semana em um campo próximo ao Estádio Armando Oliveira.

Os colegas do baba já estão marcando uma homenagem ao amigo, que deve acontecer neste fim de semana. Pela manhã, um protesto de mototaxistas tomou conta das ruas do Centro de Camaçari. Cerca de 200 pessoas participaram da manifestação, que deixou o trânsito congestionado.

Fonte: Correio da Bahia

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NM

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