Nestes dias de calor intenso, a praia, sem dúvida, é a preferência dos baianos e turistas na estação mais quente do ano para o lazer. Afinal, quem resiste à beleza de alguns destes locais, além da água do mar, que para muitos é revigorante? No entanto, com muita gente frequentando a vasta orla de Salvador – uma das maiores do Brasil, com cerca de 50 km de litoral –, os riscos de acidentes também aumentam, principalmente por afogamento.
Só na última semana, três pessoas foram vítimas de afogamento na capital baiana. Na última terça-feira, uma mulher de 47 anos morreu na praia da Pituba. No Jardim de Alah, um homem foi encontrado morto e outro jovem foi vítima de afogamento na Boca do Rio.
Esses dois últimos casos foram no sábado passado. Por conta disso, a equipe da Tribuna da Bahia foi até estes locais na manhã de ontem para ver como estava a situação nestas praias. Se havia salva-vidas em operação ou, ao menos, alguma sinalização indicando perigo por contas das marés fortes.
Nossa primeira parada foi na praia da Pituba, no trecho que fica entre as ruas Piauí e Paraíba. No local, poucos banhistas se arriscavam no mar cheio de pedras e com maré forte.
Nos pouco mais de dez minutos que ficamos no local, não vimos a presença de nenhum salva-vidas, nem de sinalização indicativa de perigo para quem estava na beira da praia. “Nós frequentamos esta praia, mas, pelo que vejo, aqui está deixando a desejar. É necessário que haja uma presença maior dos salva-vidas para evitar tragédias. A gente já viu a mesma situação em outras praias, como em Amaralina e Itapuã”, disseram as amigas Manoela Pinto e Alcicleide Rocha, que acabavam de chegar ao local.
Manoela, que não sabe nadar, diz quais tipos de cuidados toma para não ser surpreendida pela correnteza. “Fico mais próxima da beirada, com a água batendo, no máximo, perto da linha da cintura. Mas, quando a maré está forte mesmo, prefiro ficar só na areia”, contou.
A alguns metros dali, na praia do Jardim de Alah, uma das mais frequentadas da capital baiana e conhecidas pelas ondas violentas, havia dois salva-vidas fazendo a segurança no local. De acordo com um deles, Bruno Figueiredo, havia um profissional no momento do afogamento de ontem e a vítima ainda foi retirada do mar com vida. No entanto, a caminho do hospital, não resistiu. Ainda de acordo com ele, o número de ocorrências naquela praia é pequeno se comparadas com outras como Piatã e Jaguaribe.
Mais adiante, na praia do Corsário, que fica no bairro da Boca do Rio, também havia dois salva-vidas fazendo a segurança dos banhistas que frequentavam o local. Além disso, bandeiras vermelhas indicando perigo no mar também eram vistas. “Aqui a gente só deixa ela entrar na beirada e com a gente de olho. Mesmo assim, ela tem medo de ir mais além, por que a maré está forte e puxando muito”, contou o marceneiro Erlan Bastos ao lado da filha, Cíntia Graziela, que tem nove anos. “Já eu vou um pouco mais longe. Sei nadar, mas sei também que não posso abusar da sorte. O bom é que temos o pessoal dos salva-vidas por aqui, para nossa segurança”, finalizou.
De acordo com Luciano Sobrinho, um dos profissionais que estavam no local na manhã de ontem, o número de ocorrências de afogamentos no local também é baixo e não havia registro de incidentes até aquele momento.
De acordo com João Luis Moraes, coordenador do Serviço de Salvamento Aquáticos (Salvamar), só nos primeiros doze dias deste ano, cerca de 47 ocorrências de afogamentos e pré-afogamentos foram registradas em Salvador, na região entre o Jardim de Alah e a Praia de Ipitanga, que é de responsabilidade do órgão. No entanto, nenhuma morte foi registrada.
A maioria dos casos, segundo Moraes, envolve adolescentes. “Geralmente na faixa entre 15 e 20 anos de idade. Nessa idade eles não têm medo de nada, têm a sensação de que estão imunes a qualquer coisa. E alguns deles sempre procuram uma atividade que envolva um risco maior e acabam enfrentando as marés mais violentas”, disse.
Como conselho para evitar acidentes, o coordenador do Salvamar dá algumas dicas para que aquele dia de praia tão esperado por toda a família não se transforme em uma tragédia. “A gente aconselha sempre a pessoa que vá à praia, chegue no posto salva-vidas e peça uma orientação para o profissional indicar qual é o local adequado para o banho. Além disso, os banhistas devem ficar atentos aos locais que tenham as bandeiras vermelhas que indicam perigo e evitem tomar banhos por aquela região que poder ter, por exemplo, algum buraco, e a pessoa pode cair”.
Para Moraes, as praias mais perigosas para banho e as que possuem os maiores índices de afogamentos são as de Piatã, Jaguaribe e Stella Maris.
Outras dicas apontadas por ele, para que os banhistas tenham um dia tranqüilo na praia, são evitar o uso de bebidas alcoólicas em excesso e tomar banho, no máximo, até a linha da cintura. Com relação às crianças, um aviso: “Nunca as deixe tomar banho sozinhas.
Como diz um ditado antigo, elas geralmente ‘cegam’ as pessoas e fazem com que os pais e mães fiquem distraídos e se esqueçam do que elas estão fazendo. O cuidado tem que ser redobrado”, alertou.
A equipe da Tribuna da Bahia também entrou em contato com o Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros para falar sobre a situação da falta de fiscalização na Praia da Pituba, mas ninguém foi encontrado para falar sobre o assunto.
Fonte: Tribuna da Bahia