A Comissão Estadual da Verdade da Bahia (CEV-BA) vai ouvir seis vítimas da ditadura militar em audiência pública, no próximo dia 17, a partir das 14h, no auditório do Colégio Estadual Teodoro Sampaio, no município de Santo Amaro, no Recôncavo.
Um dos depoentes, Antônio Trigueiros, 73 anos, era auxiliar técnico de manutenção da Refinaria Landulpho Alves, da Petrobras, e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), quando foi preso em 1º de abril de 1964, em Santo Amaro. Ele ficou encarcerado no Quartel do Barbalho, no Forte de Monte Serrat e no quartel do 19º Batalhão de Caçadores, em Salvador, e libertado em 22 de dezembro. Antônio afirma que sofreu tortura psicológica de um ‘fuzilamento’ com pólvora seca.
Outro depoimento será o de Siginaldo da Costa Vigas, 73, que também trabalhou na Petrobras e estava começando a frequentar reuniões do PCB, quando foi preso em 6 de abril de 1964 e solto 45 dias depois. A Comissão Estadual da Verdade irá ouvir ainda o professor Carlos Augusto da Silva, 80, preso de 12 de abril a junho de 1964. Ele conta que não sofreu tortura física, e sim “muita tortura moral”. Ele era ligado a grupos de esquerda e escrevia no jornal mensal ‘Tribuna dos Moços’, em Santo Amaro.
Laurindo Pedro Gomes, 74, operador de processamento na Refinaria Landulpho Alves, também vinculado ao PCB, foi procurado pela polícia em casa, no ano de 1964, mas conseguiu fugir pelos fundos e se abrigar na casa de parentes. Depois ele se apresentou no Quartel General da VI Região Militar, em Salvador, e foi salvo graças a uma carta de apresentação do general Juracy Magalhães, solicitada por um procurador e chefe do partido União Democrática Nacional (UDN), em Santo Amaro, de quem era amigo. Laurindo recorda que foi muito perseguido por ter sido diretor do grêmio estudantil do Centro Educacional Teodoro Sampaio.
Outro a depor, Odyrceo da Costa Vigas, 75, era operador da área de utilidades da Refinaria Landulpho Alves, quando foi preso em 6 de abril de 1964 e libertado somente em junho. Ele não foi torturado, mas diz que viu muitas pessoas sofrerem agressões e presenciou ameaças a outros presos. Apesar de não ser ligado oficialmente ao PCB, Odyrceo participava das reuniões.
Aloisio Lago, que é diretor do jornal ‘O Trombone’, também vai depor. A Comissão Estadual da Verdade ouvirá ainda Maria Mutti, fundadora do Núcleo de Incentivo Cultural de Santo Amaro (Nicsa), que está criando o Instituto Cultural Emanoel Araújo.
Fonte: Ascom / Governo da Bahia