Possível candidato à Presidência da República, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é consenso dentro do PT para disputar a eleição de 2026. Ainda assim, o petista alertou que o partido precisa começar a se preparar para essa transição, porque o problema “vai se colocar” na eleição seguinte.
“Acredito que existe consenso dentro do PT e da base aliada sobre a candidatura do presidente Lula em 2026. Na minha opinião, é uma coisa que está bem pacificada. Não se discute”, afirmou o ministro em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta terça-feira (2/1).
O petista acredita na reeleição do atual presidente, mas fez ressalva para o futuro.
“O Lula foi três vezes presidente. Provavelmente, será uma quarta”, completou, com uma ressalva: “Ao mesmo tempo que é um trunfo ter uma figura política dessa estatura por 50 anos à disposição do PT, também é um desafio muito grande pensar o day after. Eu não participo das reuniões internas sobre isso. Mas, excluído 2026, o fato é que a questão vai se colocar. E penso que deveria haver uma certa preocupação com isso.”
O ministro da Fazenda disputou, em 2018, o posto no lugar de Lula, que estava preso naquele pleito. Indagado se pensa em ser o sucessor do atual chefe do Executivo, ele negou.
“Eu não penso. E só passou pela minha cabeça em 2018 porque era uma situação em que ninguém queria ser vice do Lula. E aí, um dia, ele falou: ‘Haddad, acho que vamos sobrar só nós dois’. Dentro da cadeia. Eu disse: ‘Pense bem antes de me convidar, porque vou aceitar’. E acabou acontecendo”, lembrou, frisando que aquele era um momento particular.
Questionado sobre um documento do PT que fala de “austericídio” (suicídio econômico por políticas de cortes de gastos), de uma corrente encampada pela presidente Gleisi Hoffmann, ele salientou que o partido não pode comemorar resultados e achar que está tudo errado.
“Nos cards de Natal, o que aparece é assim: ‘A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!’ O meu nome não aparece. Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo. Tem uma questão que precisa ser resolvida, que não sou eu que preciso resolver”, frisou.
“Não dá para celebrar Bolsa, juros, câmbio, emprego, risco-país, PIB que passou o Canadá, essas coisas todas, e simultaneamente ter a resolução que fala ‘está tudo errado, tem que mudar tudo’.”
Haddad fala de divergências
O titular da pasta econômica ainda comentou sua relação com colegas de Esplanada, como Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Segundo ele, com Costa, “há debates, às vezes, mais acalorados”, mas Lula está “completamente apto a arbitrar as divergências”. “Não considero ruim que haja divergências. É natural.”
No caso de Padilha, ele disse que a parceria é antiga, desde que comandou a Prefeitura de São Paulo. “Falam que o pior emprego do mundo é o do ministro da Fazenda, mas tem concorrente, que é o do Padilha”, indicou.
Sobre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ministro disse que a relação começou bem porque a transição de governo não foi feita pelo Executivo anterior, mas pelo Legislativo.
“A relação começou numa situação de crise, em que as pessoas compreenderam o que estava em jogo.”
Metrópoles