Às 10h20 da manhã do dia dos Santos Reis, deu-se início à cerimônia de transmissão de cargo do Secretário de Cultura do Estado da Bahia. Em discurso poético e por vezes cantado, o educador, poeta e compositor Jorge Portugal recebeu a pasta diretamente de Albino Rubim, seu antecessor entre 2011 e 2014, entre muitas palmas, abraços efusivos e a lembrança de que este é um lugar fundamental em um estado como o nosso – uma “Terra da Cultura”, nas palavras de Rubim. “Recebo uma herança bendita”, exclamou o novo titular enquanto repassava sua carta de intenções, pontuada de momentos musicais acompanhados pelo público.
Albino Rubim falou primeiro, logo após a execução do Hino ao 2 de Julho, em gravação da orquestra juvenil do Neojiba – projeto vinculado à Secretaria – com participação do cantor Tatau. A lista de conhecidos dentre a comunidade cultural presente era enorme, agregando nomes dos mais diversos setores, linguagens, atividades e posicionamentos políticos. Artistas, produtores, servidores, amigos e parentes, deputados, vereadores, autoridades, dirigentes, pesquisadores, representantes de instituições culturais e imprensa: “estou muito feliz em ver esta sala tão cheia”, iniciou Albino. “Isto mostra a importância que a Secretaria tem hoje no estado”, observou.
Nomes como o de Paulo Miguez, vice-reitor da UFBA; os cantores Margareth Menezes, Lazzo Matumbi e Márcia Short; os compositores Roberto Mendes e Ronaldo Bastos; o poeta e parceiro Capinam; Antônio Carlos dos Santos – o Vovô, diretor do bloco afro Ilê Aiyê; o cineasta Pola Ribeiro; Zulu Araújo, arquiteto, produtor cultural e ex-presidente da Fundação Palmares; e as escritoras Myriam Fraga e Mabel Velloso, dentre muitos outros. O clima foi de muito envolvimento dos presentes, desde a entoação de canções puxadas pelo Secretário, como o samba “O que é, o que é”, de Gonzaguinha e “Alegria da Cidade”, uma de suas letras mais famosas, até a longa série de cumprimentos que se iniciou logo após o seu discurso e estendeu-se por cerca de uma hora.
Depois de refazer uma parte da jornada e do trabalho desenvolvido pela secretaria entre 2011 e 2014 e citar um conjunto de avanços experimentados pela SecultBA neste período, Albino Rubim frisou o trabalho extensivo que foi feito a fim de registrar e relatar os trâmites e processos de construção deste novo lugar de institucionalidade para a Cultura no estado. “Transparência é um dever do estado democrático”, defendeu ele, ao lembrar que a atuação da Secretaria deve estar calcada em valores sociais emancipatórios e republicanos e destacou o conceito ampliado de cultura com que tanto ele como o seu antecessor, Márcio Meirelles, geriram a pasta.
Albino alertou seu sucessor para as dificuldades com a limitação de recursos financeiros e humanos, bem como com a área de gestão de obras de construção e reforma no estado, que apontou como os principais obstáculos. “Por vezes até tivemos verba para algumas obras que infelizmente não puderam sair do papel porque dependiam de uma série de outros fatores”, lamentou. Ele lembrou também dos altos índices alcançados pela secretaria na execução orçamentária, considerados excelentes. “Nossa execução foi altíssima em todas as áreas para mostrar que precisamos de mais recursos. Antes de tudo gastar bem e gastar o que se tem para podermos exigir mais”, ponderou. Por fim, ratificou a importância do trabalho desenvolvido ao evocar que “sem a cultura não há a possibilidade de desenvolvimento em plenitude”.
Portugal assumiu saudando Albino como amigo e inspirador e prometeu uma gestão de continuidade do projeto de construção de uma cultura cidadã, iniciado por Rubim e Meirelles há oito anos. E assinalou que pretende fazer isso com muitas e múltiplas parcerias. “Tudo toca em tudo, tudo troca-se por tudo, tudo interpenetra-se: o paradigma é o da transdisciplinaridade e não existe secretaria mais transversal que a da cultura”, afirma o Secretário, ao citar a necessidade de atuação conjunta com todas as outras pastas de governo e mencionar as do Trabalho, Emprego e Renda, Meio Ambiente, Turismo, Promoção da Igualdade, Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Rural, com a Educação, naturalmente “e, com a Segurança Pública, de forma imediata e especial – para que nossos Prêmios Nobel não continuem a morrer nas comunidades, porque não chegaram nem à metade do caminho”.
Sobre as limitações financeiras, Jorge Portugal reforça que não poupará esforços no intuito de dilatar o diminuto orçamento, já que esta é uma imposição da realidade, muito além da necessidade administrativa. Ele deixou claro quer sua proposta é de intensificar o trabalho que foi feito por Márcio e Albino, atento a questões como a territorialização, interiorização, ampliação dos editais, formação e parcerias para com isso atender a todo o estado da Bahia. “O desafio é grande, eu sei. Mas, tangenciado pela sorte, acredito numa ‘dobradinha baiana’, com o ministro Juca Ferreira”, comemorou Portugal. No encerramento do discurso, o novo Secretário de Cultura declarou que “as palavras que o animam agora ainda estão na categoria de substantivos abstratos: Vontade, Esperança e Fé. Mas que certamente se concretizarão ao serem substituídas por uma só, que materializa as três: trabalho, trabalho e trabalho”.
Jorge Portugal
Nascido em Santo Amaro da Purificação, no recôncavo baiano, Jorge Portugal antecipa que sua gestão será de continuidade. “Vou ser secretário de um projeto político que continua. Não haverá interrupção das políticas culturais vigentes. Poderemos e deveremos ampliar no que for possível, assim como o secretário Albino Rubim ampliou as políticas desenvolvidas pelo secretário Marcio Meirelles no que pôde. Agora, travaremos uma luta incessante para somar mais recursos ao orçamento da Cultura”, afirma Portugal, que idealizou projetos culturais e educativos como Aprovado, Tô Sabendo, Manoel Faustino e Circulador Cultural.
Fonte: Ascom / Governo da Bahia