A partir desta segunda-feira, o hospital Martagão Gesteira irá reduzir os atendimentos, priorizando apenas as urgências e emergências. O motivo seria a crise financeira enfrentada pela unidade, por conta de uma dívida no valor de R$ 2,7 milhões por parte da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Diante da situação, a direção da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, instituição mantedora do hospital, afirmou que pagamentos de médicos e fornecedores estão atrasados, impossibilitando o atendimento completo. Em contrapartida, a Sesab afirma que o valor a ser pago não é justificativa para desacelerar os atendimentos.
Seguindo os passos do Hospital Espanhol, fechado há cerca de três meses, o Martagão Gesteira vai priorizar os pacientes que já estão na unidade. Falta de médicos e materiais é o principal motivo para a desaceleração dos atendimentos. Ainda por conta da falta de verba, férias e décimo terceiro salário dos funcionários foram suspensos. “Infelizmente, estamos chegando a esse ponto. O valor atrasado, que deveria ser pago pela Sesab, corresponde a um mês de folha de pagamento. Vamos diminuir a entrada de pacientes para ver se conseguimos diminuir esse custo”, afirmou Durval Oliveira, diretor executivo da Liga Álvaro Bahia. Ainda de acordo com o diretor, da dívida atual, a secretaria estadual prometeu pagar R$ 900 mil, mas só repassou R$ 120 mil. “A situação ficou insustentável e vexatória. Dos R$ 900 mil que deveria ser pagos hoje (ontem), só recebemos R$ 120 mil. Estamos empurrando como podemos”, completou.
De acordo com o superintendente da Liga, Emanuel Melo, o atendimento fica complicado diante da falta de material básico. “O Martagão Gesteira está sempre disponível a atender os pacientes, mas a situação está complicada. A Sesab fez um acordo, de boca, conosco, e eu acredito que ela cumpra. Contudo, enquanto isso não acontece, continuamos do mesmo jeito”, lamentou.
À Tribuna, a assessoria de comunicação da Sesab afirmou que todo pagamento realizado com verbas estaduais precisam passar por um processo burocrático. Segundo eles, existe uma fatura a ser paga, referente ao valor citado pela Liga Álvaro Bahia, porém não é uma importância que justifique o fechamento da unidade, diante do montante de movimentação financeira do Martagão. A Sesab ainda completou dizendo que para que o pagamento seja realizado, o hospital precisa apresentar a conta, os valores são conferidos e o processo de pagamento dura em média 60 ou 90 dias, que é o tratamento normal para pagamentos vindos do estado. A Sesab ainda ressaltou que é um instrumento importante no funcionamento do Martagão Gesteira, salientando que o hospital só funciona por conta do esforço da pasta.
Diante da declaração, Durval Oliveira rebateu afirmando que a unidade de saúde tem sobrevivido com ajudas estaduais e doações. “A Secretaria Municipal de Saúde tem repassado, mensalmente, R$ 1,8 milhão e não temos queixas sobre isso. Além disso, temos doações de pessoas físicas e isso vem nos mantendo. É fácil para a Sesab afirmar que R$ 2,6 milhões é um valor pequeno, mas para nós isso é muito”, afirmou.
Referência para tratamentos de alta complexidade, como neurocirurgia, cardiologia e oncologia, atualmente o hospital realiza cerca de 500 atendimentos diários, inclusive recebendo pacientes de outros estados, tendo capacidade para 180 leitos, com 160 ocupados.
Fonte: Tribuna da Bahia