Em seu terceiro dia de greve, os servidores municipais de Camaçari tomaram, mais uma vez, as ruas da cidade. O trânsito ficou congestionado nas principais ruas do Centro, na manhã desta quarta-feira (20). Com gritos de ordem, os trabalhadores manifestavam contra a proposta de reajuste salarial oferecida pelo governo.
A manifestação ocorre mesmo após as seguidas rodadas de negociação entre o Sindsec (Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Camaçari) e o governo, que apresenta vontade em chegar a um acordo, o mais rápido possível.
Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura, os 6,41% de reajuste salarial, proposta oferecida pelo Município, garantem a recomposição das perdas acumuladas, retroativos a janeiro, aplicados também sobre o vale-alimentação. “Este valor é o máximo que a Prefeitura pode oferecer, diante de um quadro de crescentes dificuldades, marcado por um preocupante déficit orçamentário do Município, devido à grave crise financeira internacional, que já se arrasta por sete anos e tem se intensificado ultimamente”, diz texto da Carta Aberta aos servidores divulgada na tarde desta terça-feira (19).
Os trabalhadores, em contrapartida, luta pelo reajuste de 15%. Contrários à proposta do governo, os representantes do sindicato dizem que podem chegar a negociar um valor entre 10 a 11%.
Nesta quinta-feira (21), o governo municipal irá se reunir com representantes do sindicato e com uma comissão de vereadores de Camaçari para discutir a situação. O encontro acontece no gabinete do prefeito, a partir das 14h30. “O governo avançou bastante com as nossas reivindicações, como a equiparidade aos dos professores no vale alimentação e transporte”, diz o presidente do Sindsec, Silval Cerqueira. “Entretanto, queremos ver a prestação de contas da folha de pagamento da prefeitura”, completa.
O Município tentar viabilizar, o mais rápido possível, o acordo coletivo a fim de impedir que o movimento possa prejudicar os serviços essenciais prestados pela Prefeitura à sociedade.
Com a greve, cerca de seis mil servidores suspenderam suas atividades. Mas, serviços essenciais de saúde, emergências, Defesa Civil, entre outros, continuam funcionando, entretanto, com o quadro reduzido a 30%.
Fernanda Melo / Redação Nossa Metrópole
Confira, na íntegra, a Carta Aberta ao Servidor Público, divulgada nesta terça-feira (19):
CARTA ABERTA
Caro Servidor,
O governo de Camaçari sempre teve como prática receber e negociar com todos os segmentos da sociedade e reconhece o direito de cada um expressar livremente os seus anseios e preocupações. Com os servidores públicos municipais, que se encontram em campanha salarial, o esforço tem sido redobrado, por reconhecer o inestimável valor que você desempenha para a qualidade dos serviços prestados à comunidade pela Prefeitura.
As seguidas rodadas de negociação com o Sindsec (Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Camaçari) reafirmam a postura democrática e a boa vontade da administração municipal em chegar a um acordo negociado, o mais rápido possível.
Os 6,41% de reajuste salarial, que garantem a recomposição das perdas acumuladas, retroativos a janeiro, aplicados também sobre o vale-alimentação, é o máximo que a Prefeitura pode oferecer, diante de um quadro de crescentes dificuldades, marcado por um preocupante déficit orçamentário do Município, devido a grave crise financeira internacional, que já se arrasta por sete anos e tem se intensificado ultimamente.
Em estados como São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, ricos e desenvolvidos, não foi concedido qualquer reajuste aos servidores em 2015. No Nordeste, somente Bahia e Ceará deram reajuste, ainda assim parcelado.
Mesmo diante de um quadro de dificuldades, somente no ano passado, em Camaçari, foram aplicados R$ 4,261 milhões de progressão funcional por nível no PCCV (Plano de Cargo, Carreira e Vencimentos), beneficiando diretamente todos os servidores que tiveram seus requerimentos aprovados. Em 2013 e 2014, os gastos com o funcionário estatutário aumentaram 39%, incluindo a convocação de novos servidores, ganhos reais, auxílios alimentação e transporte.
Tem mais, o auxílio-alimentação, que para o funcionalismo geral será equiparado ao pessoal da educação, representa um incremento de R$ 327,74 nas verbas salariais. O auxílio-transporte, concedido desde 2013 (Lei 1266/2013), garante um incentivo sobre os salários para aqueles que moram em Camaçari e também para os residentes em outros municípios.
Como se pode constatar, o governo municipal tem feito tudo que está ao alcance para fazer avançar o processo de valorização dos servidores. A não celebração do acordo de 2015 apenas retarda a concretização da concessão do reajuste e demais benefícios (auxílios transporte e alimentação, periculosidade para vigilantes etc) que serão concedidos à categoria, além de prejudicar a prestação de serviços à comunidade.
O momento requer a compreensão dos servidores, para que possamos fechar imediatamente o Acordo Coletivo, visando o pagamento retroativo a janeiro/2015 dos benefícios concedidos.