“De uns dois anos para cá, percebo que o mototáxi aumentou muito!”, avalia, com espanto, a operadora de caixa Josyane Brandão. “Prefiro esperar o ônibus, só pego em caso de urgência”, especifica, apontando a diferença de valor como definitiva para a decisão: para se deslocar do centro até o bairro de Santa Maria, onde reside, a operadora gasta R$ 2 de transporte público; em contrapartida, de mototáxi, ela calcula que desembolsaria R$ 10.
Josyane personifica uma das queixas constantes da população de Camaçari: o alto valor cobrado por mototaxistas por corridas de curta distância. “Não me conformo, daqui [centro] até a rodoviária, eles me cobrariam R$ 5”, indigna-se a operadora de caixa.
A estudante de 17 anos, Francielle Silva, também só pega moto em situações pontuais, quando se atrasa para a escola. “Mas acho que o valor não está tão alto. Pela agilidade compensa, já que demoro dez minutos da Gleba E até o centro, gastando R$ 5; de ônibus, gastaria R$ 2, está valendo”, pondera.
O ponto de vista de Francielle é compartilhado com o mototaxista Cleuber José Jacinto. “Daqui até o Parque Satélite, por exemplo, a gente gasta dois minutos e cobra R$ 4. De ônibus, levaria até dez minutos. A moto leva dentro de sua casa, já o ônibus geralmente para cerca de 50 a 100 metros da residência. Fora o conforto de ter um meio de transporte individual”, enaltece o profissional.

A violência dentro do transporte coletivo é outro ponto que valoriza o uso do transporte, na visão do mototaxista Fabrício de Jesus. “A procura pelo serviço aumenta entre os dias 30 e 5, quando as pessoas recebem e têm medo de pegar o ônibus, temendo assaltos”, declara. A espera no ponto é outro fator apontado pelo profissional. “O ônibus também dá muita voltas para chegar no lugar. Para o Gravatá, levamos cinco minutos, ônibus chega em 30 minutos, fora a espera no ponto”, coloca na balança o mototaxista.
Em entrevista a mototaxistas de Camaçari, a Nossa Metrópole apurou que a média de uma corrida de até 5 km, nas proximidades do centro, custa R$ 5 (bairros como Bomba, Gleba C e E). Para o Polo Petroquímico, Jauá, Dias D´ávila e Via Parafuso, é cobrada uma média de R$ 15 a R$ 20.
Taxas encarecem
A categoria dos mototaxistas diz que o usuário reclama dos valores, pois coloca na ponta da caneta apenas o custo da gasolina na hora de fazer o cálculo, sem levar em conta a diária da moto e do próprio mototaxista. “Fora todos os gastos com alvará, imposto para prefeitura e associação de mototaxistas, que ficam em torno de R$ 200 por ano”, protesta o profissional Iranildo Cândido da Silva.
À noite, o valor da corrida também aumenta, em decorrência do índice maior de crimes nesse período. “O trajeto do centro até o Parque Verde I, que custa R$ 5 de dia, à noite sobe para R$ 7”, explica o profissional Messias da Silva.
Como solução, Iranildo aponta a redução do ICMS para motos, o que baratearia o valor do veículo, facilitando a renovação da frota e condições melhores de transporte. “Também precisamos de preços mais baixos de combustível para nossa categoria, para que a gente possa reduzir o valor da corrida para os clientes. Espero que os novos políticos ouçam nossas reivindicações”, projeta para o futuro o mototaxista Iranildo.
Por Luana Almeida