O Ministério Público Federal da Bahia (MPF-BA) aguarda o compartilhamento das provas do inquérito sobre o assassinato de Maria Bernadete Pacífico Moreira, a Yalorixá Mãe Bernadete, colhidas pela Polícia Civil baiana, para poder avaliar, junto à Polícia Federal (PF), se há alguma lacuna na apuração conduzida pelas autoridades estaduais.
Mãe Bernadete foi assassinada com mais de 20 tiros, no Quilombo Pitanga dos Palmares, em 18 de agosto deste ano, em Simões Filho, na Bahia.
No último dia 24 de outubro, a Justiça Federal da Bahia pediu o compartilhamento das provas da investigação conduzida pelas autoridades locais, mas ainda não obteve os documentos.
“Estamos no aguardo dessa documentação vir para a Justiça Federal para que possamos avaliar toda a investigação. Avaliar se realmente existe alguma lacuna, se eventualmente há alguma possibilidade de identificação da competência federal, ou se realmente a situação se mostra conforme denunciado [pelo Ministério Público Estadual (MPE)] e aí não teríamos o que fazer mais nesse caso”, informou à Agência Brasil o procurador da República Ruy Nestor Bastos Mello, responsável por monitorar o inquérito aberto pela Polícia Federal para investigar a morte de Mãe Bernadete.
Ruy Mello explicou que a PF fez algumas diligências sobre o caso, mas que não teve acesso a toda documentação. “A gente não teve acesso à documentação mais importante, algumas quebras de sigilo”, destacou o procurador. Acrescentou que, por isso, a investigação da PF não foi ainda tão efetiva.
“Houve, de fato, um prejuízo para a Polícia Federal no sentido de não ter tido acesso a essa documentação”, concluiu. O procurador afirmou que irá reiterar o pedido caso o compartilhamento demore muito mais tempo. Acrescentou que pediu ao MPE para que fosse feita uma investigação conjunta, mas que “o MPE não entendeu que era o caso de atuação conjunta”.
No último dia 16 de novembro, o MPE denunciou cinco pessoas pelo assassinato de Mãe Bernadete “por motivo torpe”. A investigação apontou que a principal motivação teria sido “retaliação de um grupo responsável pelo tráfico de drogas naquela região”.
A família da vítima rejeita essa linha de investigação e, para o filho de Mãe Bernadete, Jurandir Wellington Pacífico, os envolvidos com o tráfico teriam sido contratados para livrar “gente grande por trás” do crime.
O procurador Ruy Mello informou que não pode ainda avaliar se a motivação do crime seria diferente da apontada pela denúncia do MPE.
“Não é possível dizer que a denúncia apresentada encerrou o caso porque realmente eu não tive acesso ainda às provas colhidas. Isso eu vou fazer posteriormente, junto com a Polícia Federal, que vai fazer essa análise para saber se há ainda alguma diligência a ser realizada”, destacou.
Band Jornalismo