Responsável pelo barco que naufragou e deixou oito mortos em Madre de Deus, Fábio Freitas se manifestou pela primeira vez após o acidente nesta quarta-feira, 24. Ele afirmou que a embarcação foi invadida pelos passageiros e que está sendo alvo de ameaças de morte. O homem, que não tinha habilitação para comandar a embarcação, perdeu a filha e o neto na tragédia.
Em entrevista, ele afirmou que estava curtindo o domingo com a família no mar e parou no píer da Ilha de Maria Guarda para buscar a filha Flaviane Jesus dos Santos, de 29 anos. Neste momento, a embarcação teria sido invadida.
“Quando encostei, aquele pessoal entrou no barco. Pedi para saírem, porque o barco não era para transporte, mas eles não saíram, se sentaram e eu não tinha como tirar eles do barco”, disse Fábio Freitas, em entrevista à TV Bahia nesta quarta-feira, 24.
O homem contou também que minutos antes do acidente, escolheu tirar o barco do píer e ir embora. Fábio negou a possibilidade de ter cobrado passagem e lembrou que a embarcação não operava com esse objetivo. “Não fretei o barco para ninguém. Nunca fretei, porque ele não é barco para isso, continuou. O barco só tinha permissão para operar de forma recreativa.
Ele revelou que não tem conhecimento sobre quantas pessoas estavam no barco, mas descartou que tinham 20 passageiros, como foi cogitado por testemunhas. Segundo o comandante, uma briga generalizada teria sido a causa do acidente. Todas as pessoas estariam sentadas antes da confusão.
“Aconteceu uma briga entre eles, que eu não sei informar o motivo. Pedi para eles, que pelo amor de Deus, parassem com a briga, porque tinham crianças e eu falava para eles pensassem nos filhos deles. Foi todo mundo para um lado só, o barco não aguentou o peso e virou”, contou.
A esposa do homem, identificada como Sandra, também estava na embarcação. A mulher disse que tentou acalmar as pessoas para acabar com a briga, mas não conseguiu evitar o tumulto. “Quando dei por mim, já estava embaixo d’água, bebi muita água. Meu marido salvou um bocado de gente, inclusive me salvou e fui para o hospital”, revelou Sandra.
Em entrevista realizada nesta segunda-feira, 22, o major Diego Pestana, comandante da 10ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Candeias), informou que Fábio Freitas teria chegado a se apresentar no terminal antes de fugir, uma versão diferente da apresentada por Sandra, que afirmou que após o naufrágio, ele foi para Salvador acompanhar o corpo da filha.
Fábio Freitas e Sandra precisaram deixar a casa onde moravam em Madre de Deus. Eles estão sendo alvos de ameaças de morte. Segundo a mulher, a primeira aconteceu ainda no píer, logo após o acidente.
Sandra relatou que um dos homens que participou da briga que teria ocasionado o acidente disse que a filha morreu no naufrágio e que por isso mataria o piloto. Ela lamentou ao lembrar que Fábio Freitas também perdeu a filha e o neto.
Por consequência das ameaças, o comandante do barco não conseguiu acompanhar o velório e o sepultamento da filha Flaviane de Jesus e do neto Jonathan Miguel, de 9 anos. “Não pude ir me despedir dela porque estou sendo ameaçado lá”.
O advogado do piloto, Elder Costa, se apresentou à Polícia Civil nesta terça-feira, 23, e alegou que a embarcação teria sido invadida pelo público que estava na ilha. Ele confirmou também que o piloto do barco não possui habilitação para ser condutor da embarcação.
Elder Costa disse nesta quarta-feira, 24, que tentou apresentar o cliente na terça, mas a informação foi negada pelo delegado Marcos Laranjeiras. Ele afirmou ainda que os aguarda, caso queiram prestar esclarecimentos a respeito do acidente.
Por meio do Comando do 2° Distrito Naval, a Marinha do Brasil divulgou que encerrou as buscas pelos sobreviventes do naufrágio nesta terça-feira.
Todas as vítimas da tragédia foram encontradas: Rosimeire Maria Souza Santana, de 59 anos; Hayala dos Santos Conselho, 33; Flaviane Jesus dos Santos, 29; Ryan Kevellyn de Souza Santos, 22; Caroline Barbosa de Souza, 17; Jonathan Miguel de Jesus Santos, 7; Vanderson Souza, 41; e Alicy Maria Souza dos Santos, 6.
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