O ministro da Saúde, Nelson Teich, deixou o cargo nesta sexta-feira (15), antes de completar um mês à frente da pasta. Em nota, a administração informa que ele se demitiu.
“O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração nesta manhã. Uma coletiva de imprensa será marcada nesta tarde”, informou o ministério, em nota.
Teich tomou posse como ministro em 17 de abril. Ele é o segundo ministro da Saúde a deixar o cargo em meio à pandemia da covid-19. Teich assumiu substituindo Luiz Henrique Mandetta.
Assim como Mandetta, Teich teve discordância sobre a condução da pandemia com o presidente Jair Bolsonaro. O desentendimento mais flagrante era em relação ao uso da cloroquina no tratamento da covid-19. Assim como seu antecessor, Teich não concordava com alteração do protocolo do SUS para permitir o uso do medicamento no início do tratamento, como insiste Bolsonaro. O presidente afirmou mais cedo que essa mudança ocorreria ainda hoje. O uso da cloroquina não é consenso na comunidade médica.
Na quinta (12), Teich afirmou em redes sociais que a cloroquina tem muitos efeitos colaterais e o uso deve ser feito com avaliação do médico. “Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina”, disse.
Outros pontos de divergência incluem as diretrizes sobre distanciamento social e saída do isolamento, já que o presidente quer uma maior flexibilização no tema.
Teich também demonstrou a falta de diálogo no governo quando soube pela imprensa do decreto de Bolsonaro que ampliou as atividades essenciais durante a pandemia, passando a incluir salões de beleza, barbearia e academia.
Pela manhã, o até então ministro foi chamado para uma reunião no Palácio do Planalto. Ele esteve com Bolsonaro, retornou ao Ministério da Saúde e logo em seguida a sua saída foi anunciada.
Substituto
Segundo a coluna Radar, da revista Veja, o atual número 2 do Ministério da Saúde, general Eduardo Pazuello, já havia sido convidado por Bolsonaro para assumir a pasta em caso de demissão de Teich. Ele concordou e deve assumir o comando ainda hoje.
Secretário-executivo do ministério, Pazuello foi colocado lá por Bolsonaro quando Teich assumiu. Ele não se reportava ao ministro, e sim ao próprio presidente.
A revista noticiou que Teich estava arrependido de ter permitido essa “intervenção militar”. “Teich veio para ser o cérebro. O problema é que não avisaram o corpo (Pazuello)”, afirmou um auxiliar do ministro.
Fonte: Correio