Segundo estimativas do Ministério da Saúde, o Brasil pode atingir até 5 milhões de casos de dengue em 2024. O alto índice seria resultado de uma combinação de fatores, como calor intenso, grande volume de chuvas, e o ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus que causa a doença. Ainda conforme a pasta, o número de mortes também pode ser recorde neste ano.
Quase 56 mil casos foram registrados apenas nos primeiros 15 dias de 2024, uma incidência de 27,5 diagnósticos a cada 100 mil habitantes. Em 2023, nesse mesmo período, haviam sido computados 26.801 casos, o que representa um aumento de 108%. O maior número de mortes causadas pela dengue foi registrado em 2023, com 1.079 óbitos confirmados até o mês de dezembro.
O Ministério da Saúde alerta para a possibilidade de a região Centro-Oeste enfrentar um cenário epidêmico de dengue em 2024. Nas regiões Sudeste, principalmente em Minas Gerais e Espírito Santo, e sul, com ênfase no Paraná, há risco considerável de epidemia da doença.
Vacina contra a dengue estará disponível no SUS
Uma primeira remessa do imunizante chegou ao Brasil no último sábado (20/1), com cerca de 750 mil doses. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica Takeda, que executa estudo em parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), coordenado por Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz. Mais doses do imunizante serão repassadas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) ao longo de 2024, totalizando 5,2 milhões.
Neste primeiro ano, as vacinas serão destinadas a municípios com mais de 100 mil habitantes e altas taxas de transmissão nos últimos 10 anos. O público-alvo serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, para as quais o imunizante ainda não foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.
Combate e prevenção ao mosquito transmissor
Além de a eliminação dos criadouros do Aedes aegypti por parte da população, com auxílio dos agentes comunitários e de combate a endemias, o Ministério da Saúde vai expandir o método Wolbachia para os municípios de Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC). A iniciativa é uma estratégia adicional de controle de arboviroses.
Implementado com sucesso em Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Belo Horizonte (MG), Niterói (RJ) e Rio de Janeiro (RJ), o método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados por uma bactéria intracelular do gênero Wolbachia, que apenas infecta insetos, e atua bloqueando a capacidade de transmissão dos vírus da dengue, Zika e chikungunya pelo mosquito. Aqui no Brasil o programa é coordenado por Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz Minas Gerais, com gestão financeira e administrativa feita pela Fiotec.
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