Apenas no segundo semestre de 2023, Salvador recebeu Viola Davis, Angela Bassett e Beyoncé, que desembarcou de surpresa, na última quinta-feira (21), para o evento de promoção do documentário sobre os bastidores da sua última turnê: o “Renaissance: A Film by Beyoncé”. A presença de artistas internacionais, especialmente os que são representatividade para o povo negro, reflete em impactos positivos para os negócios e turismo negros na cidade.
É o que pontua a gestora da Pagode Por Elas, plataforma das mulheres do pagode baiano, Beatriz Almeida. A produção de conteúdo em eventos que reúnem personalidades de alcance internacional resultam em maior visibilidade para projetos locais e, consequentemente, geram retorno financeiro. Um dia após o Club Renaissance, nome do evento feito para os fãs da Beyoncé, a expectativa da gestora é de crescimento de 49% em visitas ao portal de vendas do Festival Pagode Por Elas, marcado para o dia 6 de janeiro, no Trapiche Barnabé.
Das novas visitas, Beatriz Almeida espera uma conversão em vendas de ingressos de aproximadamente 7%. “Salvador é a capital afrodiaspórica do Brasil. A vinda dessas figuras e de eventos grandiosos para Salvador movimenta a economia de uma forma significativa. Essas grandes figuras públicas conseguem trazer luz para os nossos negócios locais”, pontua Almeida.
Sócia do Bombar, no Rio Vermelho, Gabi da Oxe, descreve a importância da realização de eventos como Afropunk e o Liberatum. Este último foi responsável por trazer Viola Davis e Angela Basset a Salvador.
“Há um estímulo para economia local, envolvendo bares, restaurantes, pousadas e espaços de cultura. Quando temos esses projetos acontecendo em Salvador, nós potencializamos relações, cultura e vivências do local”, diz Gabi, salientando que teve um aumento considerável na movimentação de clientes durante os eventos do Afropunk e do Liberatum – valores não foram especificados.
A noite do dia 21 de novembro de 2023 entra para a história de eventos internacionais no estado. O co-fundador da empresa de investimentos em aplicações financeiras Vale do Dendê, Paulo Rogério Nunes, compara o evento com a visita de Michael Jackson à Bahia em 1996, quando gravou o clipe da música ‘They Don’t Care About Us’ com o Olodum no Centro Histórico de Salvador, o que potencializa a economia da cidade.
“Beyoncé é a maior artista global viva e é representatividade do ponto de vista de identidade afro, do diálogo com a juventude e do empoderamento feminino e da comunidade LGTQIA+. A presença dela em Salvador consolida, finalmente, Salvador como destino para visitantes internacionais, principalmente da diáspora africana”, afirma.
Por meio de uma publicação em seu perfil oficial do Instagram, o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, pontua o investimento feito por Beyoncé em Salvador. “A cultura negra segue sendo negligenciada pelas marcas. Podemos dizer que Beyoncé investiu do próprio dinheiro em Salvador mais do que qualquer outra marca esse ano. E teve resultado.
De acordo com Tourinho, a escolha da Queen B, como é conhecida por seus fãs, coloca Salvador no mapa do mundo, conecta a cultura queer soteropolitana com a apresentação de Lunna Monty, DJ e mother da House Afrobapho que se apresentou no Club Renaissance, e celebra os fãs baianos.
“Ela [Beyoncé] fez o certo, o perfeito, o impecável: voou por 10 horas direto para Salvador, celebrou a cultura local, abraçou os fãs e serviu um evento de primeira. E assim, colocou Salvador no mapa do mundo, quem não conhece vai procurar saber, porque ela escolheu Salvador”, diz trecho da nota.
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