Após dois anos de crise financeira, que resultou na hipoteca do prédio e no processo de demissão em massa de mais de 800 empregados, o Hospital Espanhol pode reabrir as portas no início do próximo ano. De acordo com a diretoria da unidade de saúde, propostas para administração do hospital estão sendo recebidas, analisadas e, entre janeiro ou fevereiro, os atendimentos serão retomados. Com o fim das atividades do Espanhol, o estado perde 270 leitos, sendo 60 da Unidade de Terapia Intensiva – UTI e 12 da UTI pediátrica.
De acordo com Fábio Vilas Boas, diretor médico do hospital, atendimentos de UTI, emergência e laboratoriais serão os primeiros a serem reabertos, contudo ainda nada foi acordado. “Não temos nada firmado. Até a próxima sexta-feira, estaremos recebendo propostas, que analisaremos na próxima semana. Em seguida iremos divulgar o nome da empresa que irá administrar e, passaremos por um processo de transição administrativa, reorganizaremos a equipe e, se tudo caminhar rápido, o hospital reabrirá em janeiro ou fevereiro”, afirmou o diretor.
Considerado uma das referências no setor de saúde, o atendimento de emergência do Hospital Espanhol encerrou as atividades, deixando uma lacuna na prestação do serviço para Salvador e Região Metropolitana. Antes mesmo do fechamento, ainda no ano passado, um acordo entre o Estado, através da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), a Caixa Econômica e o Espanhol estabeleceu um plano de reestruturação financeira para salvar a unidade, mas mesmo assim não houve resultado. Dos R$ 107,6 milhões, o hospital recebeu R$ 82 milhões e ficou impedido de receber o restante por critérios exigidos pela Caixa. O conselho da entidade ainda tentou hipotecar a maioria dos prédios da Sociedade Espanhola ao Desenbahia, mas não foi efetivado pela falta de consenso entre as partes.
Somando todas as dívidas que a entidade filantrópica tem com instituições financeiras e fornecedores, o valor chega aos R$ 190 milhões. Apesar de garantia dada sobre a abertura, o presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), Francisco Magalhães, a maior preocupação é com os funcionários da unidade. “Tem pessoas que têm mais de 30 anos de serviço no Espanhol e que fizeram do emprego uma extensão da vida. Agora resta saber qual empresa vai administrar, pois até agora não vimos ninguém. Espero, realmente, que essa abertura se materialize. Torço por isso, mas continuo preocupado, principalmente em relação à inconstância de informações”, disse.
Sobre a quantidade a possibilidade de readmitir os funcionários demitidos, Fábio Vilas Boas garantiu que a prioridade será dada. “Vamos iniciar com alguns atendimentos, observar os que ainda continuam na nossa folha e, caso a gente precise de mais equipes, vamos reaproveitar os funcionários que não estiverem trabalhando em outros locais”, afirmou.
Fonte: Tribuna da Bahia