Você pode conferir a matéria abaixo na nova edição da revista Nossa Metrópole – edição de fevereiro.
Até as últimas décadas do século XX, a água era utilizada nas aulas de história e geografia como exemplo de matéria que tem valor de uso, mas não valor de troca, por ser algo de livre acesso para todos. Em poucas décadas, a água se tornou um dos bens mais preciosos e, como Ismail Serageldin, ex-vice presidente do Banco Mundial, previu “as guerras do século 21 serão travadas por causa da água”. Aqui estamos.
Apesar da quantidade de água potável ter permanecido relativamente constante durante o tempo, a indústria e o índice demográfico explodiram. Isso significa que a cada ano a competição por água limpa para beber, cozinhar, tomar banho e, basicamente, viver, intensifica-se.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o uso de água aumentou em uma proporção duas vezes maior que o aumento da população na última década. Estimativas apontam que em 2025 dois terços da população mundial viverá em áreas marcadas pela escassez, como resultado do aumento e mau uso da água, além das implicações causadas pelas mudanças climáticas.
PARADOXO
O Brasil é um dos países que vive o paradoxo da abundância x escassez. Segundo dados do IBGE, o país tem uma descarga média que resulta em um potencial de aproximadamente 34.000 m3 de água por habitante/ano, o que coloca o Brasil na classe dos países ricos de água doce das Nações Unidas.
Mas, apesar de dispor da quinta maior parte dos recursos de água do planeta, grandes zonas do país estão localizadas em regiões áridas e semi-áridas, como o sertão do nordeste, acarretando em uma distribuição desigual: 72% na região amazônica, 16% no Centro-Oeste, 8% no Sul e no Sudeste e 4% no Nordeste. Além disso, cidades como São Paulo, que atualmente enfrenta uma séria crise de água, estão sujeitas a períodos de racionamento porque seu abastecimento depende de fontes que estão cada vez mais longe dos centros urbanos e isso, somado aos fatores administrativos, políticos, econômicos, ambientais e sociais, pode levar um lugar teoricamente não-problemático a sofrer com implicações relacionadas ao abastecimento de água.
Outro agravante é o fato da degradação da qualidade da água disponível nas cidades do Brasil ter atingido níveis nunca imaginados. Entre os integrantes da América Latina, o Brasil é o país com pior índice de qualidade de água. Segundo estudo da Agência Nacional de Águas (ANA), 76% dos copos d’água apresentam qualidade boa; 6% foram classificados como ruim e apenas 1% como péssimo. Nas regiões de cidade grande, a porcentagem considerada boa cai para 24%. As águas de qualidade ruim e péssima sobem para 32% e 12%, respectivamente.
MUDANÇA
Independente de onde estivermos, precisaremos de água para sobreviver. Não apenas porque o corpo humano é feito 70% de água, mas também porque água é matéria prima essencial para a produção de alimentos, roupas e outros itens de necessidade básica. O Brasil, por exemplo, tem hidrelétricas como matriz energética e depende de água para seu funcionamento. Logo, se faltar água, consequentemente irá faltar luz, o que poderá ocasionar uma crise ainda maior.
O desafio que enfrentamos agora é descobrir uma forma de conservar, gerenciar e distribuir a água que temos de forma efetiva. É importante se conscientizar sobre a água que temos e repensar a forma como ela está sendo utilizada.
É imprescindível, também, que cada um faça sua parte tendo em mente os cinco erres: reduzir, reusar, reciclar, respeitar e reflorestar. Mesmo que seja com pequenas mudanças de hábitos, cada pequeno ato pode fazer a diferença daqui um, dez ou 100 anos.
Dicas simples para economizar e cuidar da água do planeta:
Quando estiver tomando banho, desligue a água enquanto ensaboa e lava o cabelo. O consumo, em média, cai de 180 para 48 litros.
Não escovar os dentes com a torneira aberta. Feche-a enquanto estiver escovando e faça o enxágue com um copo d’água.
Se na sua casa tiver piscina, cubra-a. Isso fará com que a evaporação diminua em até 90%.
Não jogue papel higiênico ou qualquer detrito dentro do vaso sanitário. Além de causar entupimento, será preciso mais água para mandar tudo embora.
Torneira pingando além de irritante, gasta muito mais água do que você imagina. Uma torneira pingando desperdiça 46 litros por dia.
Lavar roupa todo dia…Só na pia e com a torneira fechada. A máquina de lavar só deve ser utilizada quando estiver cheia.
Para limpar a calçada ou quintal, dê preferência ao uso da vassoura. Se for necessário, utilize a água que sai do enxágue da máquina de lavar.
Antes de lavar a louça, limpe-a! Retire o excesso de sujeira dos pratos, copos e talheres antes lavá-los.
Não lave o carro com mangueira. Você pode reutilizar a água do banho ou da máquina de lavar para fazer esse tipo de limpeza.
Fique de olho em vazamentos. Um buraco de dois milímetros no encanamento pode acarretar no desperdício de três caixas de mil litros em apenas um ano.
Invista em tecnologias ecológicas. Sistemas de reutilização profissionais e instalação de sistema para captação de água de chuva podem ser caros, mas em longo prazo irão gerar economia na conta e no consumo de água.
Consuma menos. Água é utilizada na fabricação de tudo que consumimos, então é importante fazer um consumo consciente.
Não desperdice comida. Muita água é utilizada para a fabricação de alimentos e, ao jogar comida fora, também estará desperdiçando água.
Por Agência Abaporu – www.abaporubrasil.com.br