Inicialmente prevista para ser inaugurada este ano, em Camaçari, a fábrica da JAC Motors só deve agora ficar pronta em meados de 2016. O atraso de um ano no cronograma é reflexo de uma série de contratempos, além de desentendimentos atuais no governo baiano sobre a prioridade do projeto.
No momento, as obras estão emperradas por conta da análise técnica para a liberação do financiamento de R$ 120 milhões, que já havia sido aprovado pela agência de fomento estadual (Desenbahia), em setembro do ano passado. “É muito dinheiro público a ser empregado em um projeto privado e que, até por isso mesmo, precisa de uma análise mais criteriosa do nosso Comitê de Crédito”, disse a Desenbahia, por meio da sua assessoria de comunicação.
Já o secretário de Desenvolvimento Econômico, James Correia, critica a agência de fomento estadual. “Agora, depois de um ano, quando a obra já deveria estar sendo entregue e após o financiamento aprovado, é que veio se descobrir que era muito dinheiro?”, questionou o secretário.
“Nem sequer tenho acento no Conselho da Desenbahia, mas acho que manter uma relação de clareza e transparência com o empresariado ou investidor é fundamental para o sucesso de uma política de atração de empreendimentos”, afirma Correia, completando: “Comigo, digo logo: isso posso, isso não dá e pronto”.
A JAC Motors confirmou ontem, por meio de sua assessoria de comunicação, que mesmo diante da iminência de uma crise econômica no país e dos contratempos na fase de pré-instalação, o projeto da fábrica da montadora chinesa na Bahia está mantido.
“Inclusive, estamos tocando toda a parte de desenvolvimento do produto, mas de fato os imprevistos geraram um atraso de um ano no cronograma”, afirmou o assessor de comunicação e marketing da companhia, Eduardo Pincigher. “Agora estamos com tudo pronto dependendo apenas da liberação do financiamento”, completou.
Obras civis
O projeto da JAC Motors prevê um investimento de R$ 1 bilhão para uma produção anual de 100 mil veículos. Serão 3.500 empregos diretos, em dois turnos, e 10 mil indiretos. “Os recursos previstos (financiamento da Desenbahia) serão usados nas obras civis”, informou a assessoria de comunicação.
A montadora ressalta ainda mais três fatores que contribuíram para o atraso no cronograma inicial do empreendimento: primeiro, as dificuldades para obtenção das licenças ambientais; depois, o excesso de chuvas no período das obras de terraplanagem; e, a mudança na composição societário da JAC Brasil, com os chineses assumindo como majoritários, em relação ao grupo SHC, do empresário brasileiro Sérgio Habib. “Agora nosso único empecilho é mesmo a liberação do financiamento”, disse Pincigher.
Fonte: A Tarde